O processo de envelhecimento, apesar dos recentes avanços médicos, ainda constitui um fenômeno que desperta muitas dúvidas científicas na área da Saúde. Nas últimas décadas, o número de idosos cresceu em quase todas as regiões do mundo, particularmente onde estratégias para melhorar as condições de vida foram implementadas.
Por esse motivo, estudos de larga escala têm sido realizados realizada sobre os diferentes aspectos da questão do envelhecimento, entendido como um processo complexo e multifatorial, compreendendo mudanças biológicas com consequências na qualidade de vida e estado geral de saúde.
No campo cardiovascular, as batidas do coração são objeto de estudo há muitos anos e, o envelhecimento populacional do Brasil – e de boa parte do planeta – leva-nos a nos questionar se o processo de envelhecimento modifica significativamente a frequência cardíaca?
A resposta é afirmativa. Através de uma análise da Frequência Cardíaca Média (FCM) em uma amostra estratificada de indivíduos ativos e funcionalmente independentes é possível concluir que a FCM diminui com o avanço da idade.
Em estudo recente (ALMEIDA-SANTOS et al, 2013), um total de 1.172 pacientes com mais de 40 anos foram submetidos ao monitoramento Holter e foram classificados por faixa etária. A FCM foi avaliada de acordo com idade e sexo, com atenção para hipertensão, diabetes e outras doenças. Vários métodos estatísticos como ANOVA, correlação e regressão linear foram empregados nesta pesquisa para obter seus resultados.
Assim, a FCM tendeu a diminuir com a faixa etária e, de maneira surpreendente, hipertensão, diabetes e outras doenças não influenciaram os achados. Em relação ao gênero, as mulheres apresentaram maiores valores de FCM, independentemente da faixa etária. As correlações entre FCM e idade ou sexo, embora significativas, não apresentaram relevância estatística.
O processo de envelhecimento, portanto, é acompanhado de muitas mudanças. Com o avanço da expectativa de vida, cada vez mais a compreensão e o estudo da Saúde de pessoas idosas são necessários. O caso da frequência cardíaca é um exemplo disso.
AUTORES
Prof. Dr. Marcos Antonio Almeida Santos¹ ² ³, Antonio Carlos Sobral Sousa² ³, Francisco Prado Reis¹, Thayná Ramos Santos¹, Sonia Oliveira Lima¹, José Augusto Barreto-Filho ² ³.
E-mails: maasantos@cardiol.br, marcosalmeida2010@yahoo.com.br
Universidade Tiradentes¹; Universidade Federal de Sergipe²; Centro de Pesquisas da Clínica e Hospital São Lucas³, Aracaju, SE – Brasil.
Resumo do artigo “Does the Aging Process Modify the Mean Heart Rate?”, publicado na revista da Sociedade Brasileira de Cardiologia, nº MCMXLIII, 2013. DOI: 10.5935/abc.20130188.