Apesar de pouco divulgada a informação acima e a prática comum de compartilhamento de esmaltes nos salões de beleza podem causar danos à saúde. Pensando nisso, a professora e pesquisadora Dra. Patrícia Severino (ITP/UNIT) em conjunto com os parceiros de pesquisa desenvolveram uma solução empregando nanotecnologia. A inovação consistiu no desenvolvimento de nanopartículas de prata revestidas com ácido húmico para serem empregadas como matéria-prima de esmaltes com a finalidade de conservar o cosmético evitando a contaminação quando compartilhado e ao mesmo tempo eficiente para prevenção/tratamento de onicomicoses.
A atividade biocida das nanopartículas de prata é conhecida, no entanto, as nanopartículas de prata possuem propriedades especificadas que dependem do tamanho, forma e morfologia. Para a incorporação no esmalte as nanopartículas foram revestidas com uma camada de ácido húmico, proporcionando a produção de um nanoativo agindo apenas ao microrganismo e, tornando inerte ao organismo.
O ácido húmico foi escolhido por apresentar atividade anti-inflamatória, antiviral, antioxidante, fungicida e bactericida, sendo de grande interesse para a indústria farmacêutico e cosmético. Ressalta ainda, que essa substância apresenta grande disponibilidade em Sergipe, fácil aquisição e de baixo custo, o que torna muito atraentes do ponto de vista ambiental. O ácido húmico foi empregado como chamariz para os fungos, e partir disso conseguimos levar o nanoativo junto ao fungo e com isso a ação combinada do ácido húmico e da prata foram eficientes para matar até os fungos resistentes, tornando-se o esmalte caracterizado como um cosmético funcional.
As nanopartículas isoladas e incorporadas em diversos tipos de esmaltes passaram por testes de estabilidade preconizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ensaios celulares empregando fibroblastos humanos e atividade antifúngica em cepas padrões e resistentes a terapia convencional. As nanopartículas mantiveram a estabilidade dos esmaltes avaliados, não apresentaram citotoxicidade e foram eficientes para inibição de todas as cepas avaliadas. Nesse sentido, o emprego do nanoativo mostrou-se promissor para conservação do esmalte, potencial para o tratamento de onicomicoses e facilitando a adesão do paciente ao tratamento. Após 2 anos de pesquisa o nanoativo obtido foi empregado nos mais diversos tipos de esmalte, mantendo a cor, o brilho a durabilidade e, saliento que em todos os casos avaliados o tempo de secagem diminuiu comparado com a formulação convencional, sendo de grande interesse para os usuários. Assim, a próxima etapa é finalizar os ensaios clínicos, depósito da patente e publicação dos artigos científicos.
AUTORES
Este projeto teve a participação dos professores e pesquisadores Dra. Cleide Soares (ITP/UNIT), o Dr. André dos Santos (UFRJ), Dra. Maria Helena A. Santana (FEQ/Unicamp), Dr. Álvaro Silva (ITP/UNIT) e a discente esteticista Ketheleen Medeiros (ITP/UNIT) e está inserido no Programa de Estímulo à Mobilidade e ao Aumento da Cooperação Acadêmica (PROMOB) com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC/SE).